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"Cada um constrói a sua Verdade ..."

Por Victor Ferreira.

No início da minha caminhada espiritual na Umbanda, há alguns anos atrás, eu ouvia de alguns dirigentes antigos que todos os aprendizados adquiridos vinham do processo mediúnico entre o Guia e o médium, onde toda aquela ritualística era passada pelos espíritos que ali se faziam presentes. Acompanhado destes relatos, eu ouvi por diversas vezes a expressão: "É assim mesmo...", respondendo aos médiuns iniciantes, demonstrando a eles como se aquela situação que ocorria era um embasamento natural dos espíritos, sem a necessidade de uma fundamentação mais esclarecedora, sendo, a meu ver, uma ausência do devido conhecimento para explicar a dúvida daquele médium inexperiente.

Claro que me refiro em relatos há bastante tempo, onde nos encontrávamos em uma fase final da "fenomenologia" necessária em épocas passadas, que, infelizmente, alguns terreiros ainda sustentam esta vertente, desconhecendo por completo da verdadeira essência da Umbanda.

Por mais que a Umbanda seja uma religião aparentemente nova no que tange à sua anunciação, Ela caminha a passos largos no seu amadurecimento, isto em consonância com a evolução constante de cada médium inserido permanentemente na religião, que consegue realmente absorver os propósitos e desígnios dos espíritos simpatizantes à causa umbandística.

Hoje, a religião dispõe de médiuns que buscam estudos não só de Umbanda, mas de outras doutrinas espiritualistas, como a kardecista, africanista, orientalista, etc., no sentido de compreender o fundamento da Umbanda, não somente dos ritos e dogmas, mas também o sentido da religião para com o seu EU, bem como para o seu semelhante.

Não há o que se questionar sobre a vivência de terreiro, esta é um ponto pacífico no aprendizado e desenvolvimento da comunicação com os espíritos. Todavia, os médiuns que trabalham junto aos seus guias espirituais, seja por meio da psicofonia, psicografia, intuição, etc., necessitam compreender que os estudos doutrinários são recursos riquíssimos no aprimoramento da prática de Umbanda, os quais os espíritos de Luz conseguem "transferir" as mensagens e informações necessárias, com mais facilidade, apoiando-se na consciência e raciocínio do médium, a fim de que aquele trabalho espiritual se conclua da melhor forma possível.

A Umbanda pode possuir atualmente diversas literaturas, as quais podem, sobremaneira, confundir os leitores com as suas formas autênticas de compreensão e abordagem. Entretanto, a leitura e o estudo os tornarão analistas das situações que por ventura tenham que desbravar, seja por mais criticidade ou mesmo pela busca incansável a outros entendimentos sobre aquele determinado contexto.

Em contrapartida, não podemos acreditar que todas as informações estarão descritas em textos e/ou livros, como se fossem uma "receita de bolo" ou uma codificação, pois além da Umbanda não dispor de livros fundamentalistas que compõe uma Codificação, tudo tem o seu exato tempo e momento de compreensão. Nós estamos para os entendimentos, como a nossa evolução está para a vida espiritual construída por Deus.

Lembro que logo no começo da minha mediunidade de incorporação, um grande Amigo que me assiste, vendo-me por diversas vezes questionador em determinadas situações e, principalmente, desmotivado por não saber qual caminho a percorrer, tendo em vista a falta de esclarecimentos naqueles momentos, veio até o meu mental e disse: "Moço, não existe uma verdade absoluta. Cada um tem a sua Verdade. Busque e construa também a sua." Deste dia em diante, compreendi que era necessário buscar nos estudos doutrinários uma ligação com a prática umbandista, a fim de que pudesse assimilar e aprender com as situações que chegam até nós, a Verdade essencial para o meu amadurecimento moral e espiritual. É assim que todos podem também realizar em suas individualidades.

Acreditemos e busquemos na união dos conhecimentos doutrinários com a vivência de terreiro, o caminho ideal e mais próximo aos propósitos das mensagens dos espíritos, para que haja um trabalho mais fidedigno e compreensível.

Por Victor Ferreira.