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Intermináveis questionamentos - TEEO e a Umbanda

Por Fábio Vasconcellos.



Intermináveis questionamentos

Chegamos no fim do ano e, como de costume, os umbandistas procuram saber quais os orixás que irão reger o próximo ciclo. Bom, este assunto é complicado, pois diversas são as formas de chegar a esta conclusão ou análise. Não entrarei no mérito sobre os resultados ou "métodos" utilizados. Porém, aproveitarei o tema para discorrer sobre “intermináveis questionamentos” acerca do tema Orixá e a vibração original, direcionadas e aplicadas pela TEEO.

Neste texto, tratarei de uma sequência histórica e conceitos pessoais, o que poderão gerar outros entendimentos, divergentes ou não. O mais importante é que os médiuns e/ou "curiosos" desta doutrina, busquem em fontes de estudos sérias e seguras, pois os trarão à realidade quanto ao misticismo, principalmente, para os que têm pouco tempo de terreiro.

Pois bem... Em sua primeira sessão, ao ser questionado sobre como seria a base de seu culto, o “CHEFE” respondeu: “A prática da caridade, no sentido do amor fraterno, será a característica principal deste culto, que tem base no Evangelho de Jesus, e Cristo como mestre supremo”. 

Naquela época, o Caboclo das Sete Encruzilhadas doutrinava suas “ovelhas” por meio dos atendimentos com curas e ensinamentos. Logo na primeira sessão, presentou-se o espírito de Pai Antônio e foi através dele que alguns ritos africanos foram trazidos para a Umbanda, como instrumentos ritualísticos.

Por intermédio também deste espírito, que os “Orixás” africanos passaram a integrar mais fortemente os rituais de Umbanda. Porém, diferente do Candomblé, a Umbanda não cultua os Orixás. É aí que se cria o "nó" na cabeça dos médiuns iniciantes e muitas vezes dos antigos também.

É um assunto extremamente complexo e delicado, porém vale uma discussão em atenção a alguns detalhes que ajudam na construção da egrégora de uma casa e, principalmente, ajudam em futuros questionamentos.

Ronaldo Linares foi frequentador assíduo da primeira casa de Umbanda no Brasil (Tenda Nossa Senhora da Piedade – TENSP) e garantiu estar fundamentado nos ensinamentos que recebeu do Caboclo das Sete Encruzilhadas que das tendas originadas na TENSP deveriam nascer as Sete Linhas de Umbanda, a saber:
  • Iansã – Tenda Espírita Santa Bárbara – cor amarela 
  • Ibeji – Tenda Espírita Cosme e Damião – cor rosa 
  • Yemanjá – Tenda Espírita Nossa Senhora da Conceição – cor azul 
  • Oxóssi – Tenda Espírita São Sebastião – cor verde 
  • Ogum – Tenda Espírita São Jorge – cor encarnada (vermelho)
  • Xangô – Tenda Espírita São Jerônimo – cor marrom 
  • Nanã Buruquê – Tenda Espírita Sant’Ana – cor violeta/roxo 
Observem que as sete linhas estão representadas nas casas fundadas pela TENSP, sob o comando do Caboclo das Sete Encruzilhadas. Importante destacar que as cores branca e preta não estão listadas, pois uma representava a união de todas as cores e tinha sua representação por Oxalá, mestre supremo e a outra era exatamente a ausência de cor. Por isso, segundo o Senhor Zélio, elas não faziam parte das sete linhas.

Vale destacar, ainda, que o Orixá maior na Umbanda é Oxalá, para os quais todos convergem.

Leal de Souza, que foi médium preparado por Sr. Zélio, em seu livro “O Espiritismo, a Magia e as Sete Linhas de Umbanda”, publicado em 1933, diz que as linhas de Umbanda estavam assim definidas: Oxalá, Ogum, Oxossi, Xangô, Iansã, Yemanja e Linha de Santo.

Em consulta ao site da TENSP, nota-se uma proximidade, ainda hoje, com as mesmas linhas descritas por Leal em seu livro.

Lourenço Braga, após o 1º Congresso de Umbanda, propôs em seu livro escrito em 1942, “Umbanda (magia branca) e Quimbanda (magia negra)”, uma classificação que passaria a ser mais difundida nas vertentes mais populares do Rio de Janeiro, considerando ainda subdivisões de falanges para estas linhas, o que veio complicar ainda mais a tão temida questão.

Com o passar do tempo, outros Orixás foram “entrando e saindo” a esta lista, variando de autor para autor. O mais importante é que saibamos que para os adeptos da vertente trazida por Zélio de Moraes, os Orixás de Umbanda eram representados por chefes de legião, por exemplo o Orixá Mallet.

Se trouxermos para o hoje, como exemplo, podemos “vulgarmente igualar” (atenção às aspas em vulgarmente) o Sr. Ogum Rompe Mato a um “Orixá” na classificação da que se fazia anteriormente na TENSP.

Os Orixás, naquela época e conforme descrito nos livros de Leal de Souza eram espíritos muito evoluídos. Como já sabemos hoje, temos os falangeiros dos Orixás se apresentando em nossas louvações. Sim, louvações. Particularmente, uso este termo porque usufruímos daquela energia vital para fortalecimento pessoal e/ou coletivo.

Na Tenda Espírita Estrela de Oya (TEEO), em nosso primeiro ritual, louvamos 09 (nove) Orixás: Oxalá, Ogum, Xangô, Oxossi, Obaluaiê/Omulu, Yemanjá, Oxum, Iansã, Nanã.

Se considerarmos, ainda, nossos ensinamentos de origem, ainda prestamos homenagem (conforme crença de nossos guias chefes) a Ossaie, Oxumarê e possivelmente abraçaremos as demais manifestações que se fizerem necessárias, pois somos uma religião universalista. Importante saber é que a Umbanda é caracterizada por “manifestações de espíritos para a caridade”.

Com essa consciência, nós minimizamos preocupações de “filhos” de Xangô trabalhando com um caboclo de Oxalá. Um Preto Velho de Oxóssi trabalhando com o médium que é “filho” de Iansã. Sou “filho” disso, ou daquilo? Não dou certo com meu parceiro porque “filhos” de Ogum com Xangô não se falam. Ao despertar para a necessidade única e exclusiva da “manifestação do espírito para a caridade”, que é um dos nossos principais mandamentos, o “filho” de Umbanda não cria bloqueios para temas relevantes para nossa religião.